terça-feira, 20 de abril de 2010

Curitiba (PR): Imóvel é meta de 35% das pessoas

Mais de um terço dos curitibanos pretende comprar um imóvel nos próximos três anos. Pesquisa encomendada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná mostra que 35% da população da cidade tem planos de adquirir a casa própria, um índice bem acima do apurado na edição anterior do levantamento, em novembro do ano passado, de 10%.

A retomada do crescimento da economia, a confiança na manutenção do emprego e o aumento da renda, aliados ao crédito farto, ajudam a explicar a mudança nos números da pesquisa, segundo Marcos Kahtalian, consultor do Sinduscon. “Ninguém que tem medo de perder o emprego planeja comprar um imóvel. Esse receio desapareceu e as pessoas estão mais confiantes em fazer a compra”, diz. A pesquisa ouviu 664 pessoas com renda mensal a partir de R$ 2,5 mil.

Alto padrão também está aquecido

De acordo com a pesquisa feita pelo Sinduscon em Curitiba, apenas 7% das pessoas pretendem comprar imóveis com preços acima de R$ 400 mil. O porcentual baixo não significa, porém, que esse mercado está perdendo força. Segundo as construtoras, o segmento de alta renda, voltado para as classes A e B, continua aquecido.

“Houve uma pequena retração da demanda entre outubro de 2008 e março de 2009, em função da crise econômica, mas agora a procura está forte”, diz Gabriel Raad, diretor geral da construtora Laguna. Para ele, o aquecimento do mercado veio para ficar. “É uma mudança de longo prazo. Não se trata de uma bolha”, diz ele, que afirma que o bom momento também está facilitando a troca de imóvel – para muitas famílias, é a hora de trocar o apartamento pequeno por uma casa com mais espaço, por exemplo. “Notamos que profissionais liberais e empresários estão substituindo os imóveis atuais por outros melhores”, conclui.

Maioria das aquisições é para moradia

A maioria (87%) das pessoas entrevistadas na pesquisa do Sinduscon pretende comprar o imóvel para morar. Outras 13% planejam investir no mercado de locação. No levantamento anterior, realizado em novembro do ano passado, um dado que havia chamado a atenção das empresas do setor era que 6% das pessoas ouvidas pretendiam revender. “Não era um número preocupante, mas apontava para uma tendência de especulação”, diz Marcos Kahtalian, consultor do Sinduscon no Paraná.

Segundo ele, algumas pessoas compravam várias unidades na planta com objetivo de vender quando o imóvel ficasse pronto e lucrar na valorização desse período. O problema é que geralmente era um investidor de pequeno porte, que dava uma pequena entrada e financiava o restante. O perigo era essa expectativa não se confirmar e o dono ter que vender, em função da necessidade de fazer liquidez, por um preço menor do que o de mercado. “Agora esse número caiu para perto de zero”, afirma.

A maior parte dos curitibanos sonha em morar em casas e sobrados, com 65% da preferência. Para o consultor, no entanto, isso não quer dizer que na prática as compras estejam concentradas nesses dois segmentos. “Quando vê que essas oportunidades muitas vezes são mais caras ou estão localizadas em áreas mais afastadas, o cliente acaba optando pelo apartamento”.

Classe C

Segundo a pesquisa, 58,15% das pessoas que pretendem comprar imóveis estão dispostas a pagar até R$ 150 mil, o que revela, segundo Kahtalian, que é a classe C que vai puxar a demanda nos próximos anos.“Entre as grandes construtoras, dois terços dos lançamentos já são para esse mercado”, diz Kahtalian.

De acordo com as projeções da consultoria MB Associados, a classe média – com renda familiar de três a dez salários mínimos – terá uma demanda potencial de 10,4 milhões de imóveis até 2016 em todo o país. Esse cálculo é feito com base no número de novas famílias que surgem em cada classe, incluindo-se aí pessoas que partem para morar sozinhas, como um filho que sai de casa ou um divorciado. A consultoria excluiu o déficit habitacional – conceito que engloba 7 milhões de famílias em condições precárias de moradia.

Para o gerente de novos negócios da Thá Incorporações, Teofilo Ferreira de Morais, ninguém pode deixar de olhar para esse segmento. “A classe C vive o fenômeno da compra do primeiro imóvel”, afirma.

Lançamentos

Para aproveitar a demanda, as empresas do setor vêm acelerando o ritmo de lançamentos. Em Curitiba, o número de novos empreendimentos verticais pode alcançar, segundo Kahta lian, 10 mil unidades neste ano, contra 7 mil em 2009.

O crédito imobiliário, por sua vez, deve bater recorde, de acordo com projeções da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A entidade espera que o volume financiado atinja R$ 50 bilhões em 2010, sendo R$ 30 bilhões em financiamentos a aquisições e R$ 20 bilhões destinados à construção de novos empreendimentos. O valor é 47% superior ao liberado em 2009, quando os financiamentos somaram R$ 34 bilhões.

A Caixa Econômica Federal, que lidera o mercado no país, deve financiar R$ 2 bilhões em Curitiba, 42% mais do que no ano passado e nove vezes mais do que há cinco anos. Outros R$ 1 bilhão devem girar através de bancos privados. “Há uma maior disputa entre os bancos particulares, como Itaú, Bradesco, Santander e HSBC, que querem aumentar suas carteiras”, afirma Normando Baú, sócio gerente da Baú Construtora.

O interesse dos bancos privados aumentou principalmente em função da implantação da chamada alienação fiduciária, que aumentou as garantias de recuperação dos imóveis no caso de inadimplência, e da melhora do cenário econômico.

Chave na mão

“Hoje há crédito e muitas facilidades para comprar um imóvel”, diz a aposentada Josimari Ayres, de 53 anos, que comprou em dezembro do ano passado um apartamento para o filho, de 24 anos, no bairro Cristo Rei. Ela deu entrada de R$ 4,5 mil e vai dividir o restante do aporte inicial em 24 parcelas e dois balões. No total, vai financiar R$ 138 mil do valor do imóvel, de R$ 190 mil. Com o tempo, o filho deve assumir o financiamento do apartamento, que fica pronto em 2012.

Essa é a segunda compra recente de Josimari – o filho mais velho, de 30 anos, também ganhou seu imóvel. Apesar das facilidades, ela acredita que hoje é mais difícil adquirir um imóvel do que no passado, quando comprou a sua primeira casa própria. “Há muito crédito, mas os preços dos apartamentos subiram muito”, pondera.

No segmento econômico, com preços de até R$ 150 mil, os jovens casais e estudantes são os principais clientes. É o caso da estudante Aline Aby Azar, que trocou o aluguel pelo apartamento próprio. “Dei R$ 30 mil de entrada e pago hoje uma prestação de cerca de R$ 1 mil, mais barata do que um aluguel de um apartamento no meu prédio”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo

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