quarta-feira, 7 de abril de 2010

Refinanciamento de Imóveis: Linha de crédito que causou crise chega ao Brasil com versão mais light

Os brasileiros já podem hipotecar seus imóveis quitados para saldar dívidas, investir num negócio, usar como capital de giro em sua empresa, reformar a casa, fazer uma viagem ou, simplesmente, realizar um sonho. A temporada de refinanciamento de imóveis, uma operação chamada de home equity pelos bancos, desembarcou no país e está ganhando força nos últimos dois anos. Gigantes como HSBC e Santander/Real, escolados na experiência internacional, já oferecem esse tipo de crédito. Bancos de porte médio como Bonsucesso, Intermedium e Brazil Mortgage (BM). Eles pretendem abocanhar um mercado que tem demanda crescente porque oferece financiamento de longo prazo (até 10 anos), com juros mais baratos que os encontrados no Crédito Direto ao Consumidor – de 1,4% a 3% ao mês – e volumes de empréstimos muito mais expressivos, que chegam a 50% do valor do imóvel.

O técnico em finanças Rivaldo Sancho acaba de trocar uma dívida com o cartão de crédito (12,6% ao mês, em média) e com o cheque especial (7,7% em média) por um refinanciamento imobiliário de R$ 30 mil, a serem pagos em 72 vezes de R$ 1.073. “Os juros foram de 2,5% ao mês”, informa. Se optasse por pagar a dívida com um empréstimo tomado no CDC, pagaria em média 4,76%. “Foi um negócio excelente. Quero liquidar tudo até o meio do contrato, porque a quitação antecipada permite abatimento no custo total do empréstimo”, justifica. Sancho é dono de um apartamento avaliado em R$ 60 mil no Bairro Guarani, Região Norte de Belo Horizonte. Ele diz que, ao concentrar toda a sua dívida em um único credor – o banco Intermedium –, está economizando R$ 500 ao mês.

No Banco Intermedium, hoje são 400 clientes numa carteira que soma R$ 35 milhões em dois anos de existência. Segundo João Vitor Menin Teixeira de Souza, diretor executivo da instituição, 30% dos clientes usam o crédito para reformar o imóvel ou comprar um segundo, 25% para capital de giro, 25% para consolidar dívidas e o restante para outras finalidades. No Bonsucesso, de acordo com o vice-presidente da instituição, Frederico Penido, 70% das operações são feitas por pessoas jurídicas, que estão consolidando dívidas, transformando-as em empréstimos de longo prazo. “Essa é a única alternativa de crédito de longo prazo para investimentos que não serão aplicados em capital fixo, como máquinas e equipamentos”, diz o executivo.

O HSBC tem o produto na prateleira há sete anos, mas em 2009 ele foi remodelado. O volume oferecido em carteira ainda é pequeno, de apenas R$ 20 milhões – R$ 2 milhões por mês, em média –, mas a expectativa é saltar para R$ 5 milhões mensais este ano e, em 2012, para R$ 10 milhões ao mês. No Bonsucesso, que incluiu o produto no portifólio há cerca de seis meses, já foram emprestados R$ 8 milhões em cerca de 30 operações. “A adesão é muito boa. Não fizemos nenhuma mídia”, sustenta Penido.

O tamanho da operação e os juros cobrados variam de banco para banco. “Esse produto é ideal para levantamento de grandes quantias, com juros mais em conta. Financiamos 50% do valor do imóvel, num máximo de sete anos, mas a média são cinco anos”, diz Jaime Chiganças, superintendente-executivo de crédito imobilliário do HSBC. Os juros são de 18,75% anuais, o que representa 7,75 pontos percentuais a mais do que a média de um financiamento imobiliário comum. A diferença das taxas tem justificativa pela origem do capital, já que os financiamentos imobiliários podem usar recursos da poupança ou do FGTS, o que é impossível no caso das hipotecas.

Fonte: Uai

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